Artigo/Opinião: – CONSELHEIRO PAI, CONSELHEIRO FILHO (*)
CONSELHEIRO PAI, CONSELHEIRO FILHO
– Dois conselheiros do TCE-PE estão saindo, por aposentadoria, e sendo substituídos nos próximos dias. Sobre uma das vagas é difícil não estranhar a maneira como a sucessão está se dando, porque o espaço está passando de pai para filho. Isso mesmo: de pai pra filho, quase como herança.
Nos bastidores, fala-se num acordo que envolve o presidente da Alepe, o conselheiro aposentado e o conselheiro futuro, todos da mesma família.
Não estamos falando de alguém com notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros que, por
acaso, é filho de um conselheiro do TCE, mas de um filho de conselheiro do TCE que pode até ter todas essas qualidades, mas vai assumir o cargo antes de demonstrá-las.
Carlos Porto deixou o tribunal e deverá ser substituído pelo próprio filho, Eduardo Porto, que também é sobrinho do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto (PSDB). Alguns consideram pouco democrática a relação de sucessão familiar num cargo público dessa importância. Não sem razão.
O salário de conselheiro não é baixo: R$ 37.589,96. Mesmo assim, é bom dizer que nem houve concorrência para essa
vaga específica. Ninguém mais se apresentou para disputar a cadeira, o que sugere um grande acordo mesmo.
– DUEIRE
A outra vaga foi aberta agora, com a antecipação da aposentadoria da conselheira Teresa Dueire e, nesse caso, há muita concorrência e uma outra preocupação: nenhum dos nomes apresentados até o momento se aproxima em expectativa da qualidade de trabalho que Teresa Dueire apresentou ao longo dos últimos anos.
A conselheira foi corajosa, em períodos muito difíceis da política estadual. É difícil substituí-la, ainda mais porque o modelo de escolha que
os deputados estaduais pretendem seguir, hoje, parece privilegiar muito mais a qualidade das amizades e acordos políticos pessoais, ou
familiares, do que a essência da qualidade técnica no trabalho de zelar pelas contas dos pernambucanos.
Não é nenhuma surpresa que assim seja, mas nem por isso é correto.
(*) Autor/Fonte: Igor Maciel – titular da Coluna Cena Política do JC