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Artigo/Opinião: Memorial de Medicina – Um Memorial aprisionado em lâminas de aço (*)

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Um Memorial aprisionado em lâminas de aço

  • Que pena comemorar 100 anos de lançamento da “Pedra Fundamental” da Faculdade de Medicina do Recife, e agora observar aquele templo sendo destruído pelo descaso.

Prezados colegas, vocês que fazem as várias instituições do Memorial da Medicina de Pernambuco, hoje, 20 de maio de 2025, deveria ser um dia muito feliz para a comemoração, às 16 horas, da colocação da “Pedra Fundamental” do início da construção do palacete da Faculdade de Medicina do Recife, no Derby.

Nos separam daquela data, 20/05/1925, 100 anos, em que o Dr. Octávio de Freitas, o governador Sérgio Loreto, o prefeito do Recife, o Secretário de Saúde do Estado, Dr. Amaury de Medeiros, e muitas outras autoridades, os professores e alunos da Faculdade de Medicina, e de outras unidades universitárias, e o povo em geral, estavam presentes e aplaudindo essa iniciativa, do lançamento da “Pedra Fundamental”, iniciando a construção da Faculdade de Medicina do Recife.

No entanto, hoje, somente temos a lamentar que a nossa Faculdade, transfigurada em Memorial da Medicina, mesmo construída, esteja cercada e aprisionada por muros metálicos, nos separando do seu convívio.

Nem quero imaginar-me vendo o Dr. Octávio de Freitas presenciando esse espetáculo dantesco. Vendo o Dr. Amaury de Medeiros apreciando o seu birô, amigo de tantas noitadas, desmanchando-se debaixo dos aguaceiros das chuvas, no salão Octávio de Freitas do Museu da Medicina.

Eu, baixando a cabeça e o olhar para o chão, para não ver o “aperreio” do Dr. Salomão Kelner vendo a madeira do seu birô se deteriorando, do seu companheiro, servidor bondoso, que sobre ele escrevia as suas pesquisas, discursos e até contos, como os publicados.

Perceber o olhar lânguido e distante do Prof. Jorge Lobo, observando as suas peças em cera, uma arte de descrever as doenças dermatológicas, sendo destruídas. E o alvoroço de todos os catedráticos de Medicina procurando entender por que as suas fotografias tão bem emolduradas e elegantes, agora retirada dos seus pedestais, fincadas em um canto escuro, úmido, repletos dos fungos, traças e cupins, sem que ninguém os venham acudir.

Que pena comemorar 100 anos de lançamento da “Pedra Fundamental” da Faculdade de Medicina do Recife, e agora observar aquele templo sendo destruído pelo descaso.

  • O Memorial da Medicina da UFPE encontra-se em obras de revitalização e restauração. O prédio, um patrimônio histórico-arquitetônico, está fechado ao público devido a danos causados por chuvas e problemas estruturais. A UFPE informou que está isolado o prédio desde a última sexta-feira (26), devido a rachaduras na alvenaria, as quais danificaram o forro de gesso e outros adereços. 

(*) Autor: Luiz Barreto  – É Médico,  Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional de Pernambuco


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