Acquaventura em Tamandaré vira pesadelo com recuperação judicial da Gramado Parks

Anunciado em 2021 como um megaempreendimento que seria construído em uma área de 160 mil metros quadrados na Praia de Carneiros e previsão de começar a funcionar no final do ano passado, com expectativa de receber mais de 286 mil visitantes em seu primeiro ano e chegando a quase triplicar este número até 2029, o projeto Acquaventura com um parque e um resort está com as obras paradas e sem previsão de ser concluído.

Os dois empreendimentos da Gramado Parks são parte de sua estratégia de expansão em projetos de hospitalidade e entretenimento exigiriam investimentos de R$ 380 milhões no parque e no resort e foram anunciados com grande expectativa de ancorarem o turismo de lazer no município de Tamandaré.

Denominado de Acquaventura, a atração terá personagens próprios e storytelling baseado em elementos históricos de Pernambuco, além de apelo ecológico inspirado em atividades ligadas ao rio, ao mar e à mata da região.

Haveria atividades para todos os gostos e públicos em meio a uma natureza exuberante e tudo acontecerá ao redor de um elemento central de destaque – a Árvore da Vida – que poderá ser vista à distância.

Com a presença do então governador Paulo Câmara, o projeto foi lançado no dia 15 de outubro de 2021, na Praia de Carneiros, município pernambucano de Tamandaré com a promessa de operar já em 2022.

Mas tudo mudou quando alegando dívidas que somam R$ 1,36 bilhão, a Gramado Parks entrou com um pedido de Recuperação Judicial ajuizado em 14 de abril último tendo a Forte Securitizadora S.A (Fortesec), principal credora do Grupo pediu um acordo.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul autorizou a Forte Securitizadora (Fortesec) — emissora de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da companhia — a retomar a cobrança de recebíveis e a executar as garantias dos títulos. A empresa RDV Administrador Judicial – Administração de Falências e Recuperações Judiciais Ltda. foi escolhida para gerir a RJ.

Oito dias depois, parte da decisão — a que tratava da mudança na administração — foi derrubada. A Justiça acatou o pedido dos fundos Star, Serra Verde e Funpark, geridos pela gestora R Capital, do grupo RTSC. Eles afirmaram ter 100% do capital social da Gramado. Com isso, o presidente da Gramado, Anderson Caliari, foi deposto do cargo pelos fundos.

No pedido apresentado à Justiça, a família Caliari, que fundou a Gramado, é apresentada como cotista de três fundos de investimentos que detêm 100% da Gramado Parks, mantendo o poder de controle, ainda que indireto, de todas as empresas que formam o grupo.

Ele faz parte do conjunto de 22 empresas do Grupo Gramado Parks o que levou a paralização das obras de construção do empreendimento em abril quinclui também o projeto da Namareh Carneiros by Gramado Parks, um resort anunciado comum um destino que abrigaria uma experiencia de lazer naquela que foi eleita uma das 25 praias mais bonitas do mundo.

O complexo anunciava casas, apartamento e bangalôs com a gestão da companhia que se apresentou como dona de resorts que seriam comercializados pelo sistema de multipropriedade, que estava chegando ao Nordeste com um investimento de peso nessas duas frentes de negócio.

O Grupo Gramado Parks tem uma forte presença no Rio Grande Sul onde opera cinco resorts e está envolvido em mais dois em Pernambuco e outro em gramado onde tem quatro unidade além de uma unidade em Foz do Iguaçu. Ele também tem quatro outro empreendimento entre eles a Roda Gigante YUP Star no Rio de Janeiro maior roda-gigante da América Latina com 88 metros de altura e outra em Foz do Iguaçu, no Paraná.

A empresa iniciou suas atividades em 1972, na Serra Gaúcha, com o primeiro café colonial do Brasil e evoluiu para uma operação e vendas de estadias dentro do conceito de multipropriedade.

No modelo de negócio, apartamentos em empreendimentos de hotelaria com alto padrão de qualidade são fracionados entre os proprietários, permitindo que estes possam usufruir de todas as comodidades do imóvel em semanas específicas ao longo do ano, compartilhando os custos de manutenção e despesas entre si.

O presidente da holding, Anderson Caliari, é um empresário que vem de uma família de empreendedores do setor, seus pais foram os criadores do famoso Café Colonial Bela Vista. E ajudou a que Gramado recebesse o título de Capital Nacional do Chocolate Artesanal.

Quando anunciou o empreendimento ela informou que o novo parque iria gerar mais de 250 empregos diretos e 750 indiretos ao longo de sua construção, priorizando a contratação de mão de obra local.

(*) Autor/Fonte: Fernando Castilho – Colunista titular da Coluna JC Negócios do Jornal do Commercio