
Destaque: – Diário de Pernambuco e os preparativos para a festa de 200 anos (*)
Diario inicia regressiva dos duzentos dias para os 200 anos
- No dia 7 de novembro, o jornal mais antigo em circulação da América Latina completa o seu segundo centenário

O jornal que conta as histórias de Pernambuco, desde quando o Recife nem era a capital, do Brasil, quando Dom Pedro I ainda era o imperador e, do mundo, quando a fotografia sequer havia sido inventada, agora conta os dias para o seu segundo centenário. Faltam duzentos dias para os 200 anos do jornal em circulação mais antigo da América Latina, e do mundo, na língua portuguesa.
A tinta impressa em quatro folhas de papel pelo tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão, na segunda-feira 7 de novembro de 1825, segue vigorosa, cravando o tempo. Parafraseando o ex-editor e proprietário do The Washington Post, Phil Graham, rascunhando a História através do Jornalismo.


“O DP foi um cúmplice de nossa história. Não passivamente, mas com um editorial engajado e comprometido, nele se inscreveu parte de nossa memória”, enfatiza o professor Marcos Galindo, coordenador do Laboratório de Tecnologia para o Conhecimento (Liber) da UFPE, e responsável pela digitalização do acervo do Diario de Pernambuco.
Segundo Galindo, o Diario ajudou a construir um senso de identidade e pertencimento nos pernambucanos. “Se considerarmos memória como sementes de inteligência produzida por humanos, podemos entender o DP como uma sementeira, onde se cultiva futuros possíveis”.

“O Diário de Pernambuco é um verdadeiro repositório documental, uma fonte primária, praticamente, para a história do Brasil”, reforça George Souza, professor da UFPE e presidente do Instituto Antropológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, o instituto estadual mais antigo do país.
“Ele atravessou inúmeras fases da nossa história, começou a circular logo depois do processo de independência, atravessa todo o período monárquico. Circulou quando ainda existia escravidão no Brasil, e essa presença da escravidão aparece nas páginas do jornal”, relata.
O Diario atravessou todas as fases da República e não apenas como testemunha da História, mas também como cenário. George lembra o assassinato de Demócrito de Souza Filho, enquanto Gilberto Freyre discursava na varanda do antigo prédio do Diario, em março de 1945. “Aquele foi um episódio muito marcante para o fim da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas”, explica.
“Não é estranho pensar no Diario como um Banco Central que guarda valores do jornalismo brasileiro, muito embora eu goste mais da metáfora que ver o acervo do DP como uma grande biblioteca”, compara Galindo.
“Como uma máquina do tempo que leva a voz do passado para o futuro”.
(*) Fonte: Diário de Pernambuco – Vida Urbana