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História/Tragédia: O duelo dos desafetos – Arnon de Melo e Silvestre Péricles no Senado Federal

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     1) O duelo dos desafetos – Arnon de Melo e Silvestre          Péricles no Senado Federal

  1. Pai de Fernando Collor era tão fã de John Wayne que andava com um três-oitão na cintura
    Em 1963, o senador Arnon de Mello disparou contra um adversário, errou o alvo e acabou por matar o colega José Kairala… – Leia mais em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-arnon-de-mello-morte-senado.phtml?utm_source=site&utm_medium=txt&utm_campaign=copypaste

    2) O dia em que Agnaldo Timóteo não fez o show que tinha prometido, na porta da Câmara dos Deputados

John Wayne (1907-1979), famoso ator americano conhecido o rei do faroeste, inspirou meio mundo entre eles o político alagoano, Arnon de Melo (1911-1983), que se vangloriava de já ter assistido a pelo menos “uns 80 filmes dele”, quando resolvia se gabar o jornalista, pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Senador Arnon de Melo por Alagoas
Senador Silvestre Péricles – Alagoas

No meio da tarde de 4 de dezembro de 1963, o plenário quase vazio entrou em alerta máximo quando Arnon pegou o microfone e anunciou. “Senhor presidente, com a permissão de Vossa Excelência, falarei de frente para o senador Silvestre Péricles de Góes Monteiro, que me ameaçou de morte.” Presidindo a sessão, o senador Auro de Moura Andrade (1915-1982) chamou um assistente a quem demonstrou preocupação com o que poderia ocorrer.

Auro sabia que o pai de Collor costumava andar com um revólver Smith Wesson 38 na cintura. “Fique perto. Qualquer desentendimento afaste os dois”, ordenou. Não deu tempo. Fora do microfone, Silvestre Péricles (1896- 1972), que não gostava de levar desaforo para casa, gritava: “Canalha! Crápula! Cafajeste!” Em seguida se abofelou com Arnon e partiram para as vias de fato. Os dois senadores carregavam o ódio como adversários havia anos. Arnon de Melo sacou do “três-oitão”, cabo de madrepérola, cano longo. Silvestre Péricles se jogou no chão e enquanto rastejava entre as bancadas, sacou também do revólver. O seu era um cano curto, mais acanhado. Discreto. Logo, a pequena turma do deixa disso tentou apartar a briga. O paraibano João Agripino (1914-1988) tentava desarmar Silvestre Péricles enquanto o senador do Acre, José Kairala (1924-1963) partiu em direção a Arnon. Nisso o revólver dispara duas vezes, acertando o jovem senador da política acreana. Suplente, José Kairala deixaria o mandato no dia seguinte e tinha trazido a mulher, a mãe e um filho pequeno para assistir a seu último discurso que fariam antes de retornarem a Rio Branco. Socorrido, Kairala morreu às oito horas da noite, no antigo Hospital Distrital de Brasil.

Presos em flagrante, Arnon por assassinato e Silvestre por tentativa foram inocentados um ano depois.

Agnaldo Timóteo

O SHOW QUE AGNALDO TIMÓTEO NÃO FEZ

A primeira vez que eu tentei, tem sucesso, entrar na Câmara dos Deputados, era início da noite de 25 de abril de 1984. Lá se vão 39 anos e 30 dias. Do lado de fora, milhares de manifestantes – os exagerados grupos que defendiam as eleições diretas juravam que eram 100 mil pessoas. Não tinha nem como. Dentro, 366 deputados, 113 não deram as caras.

A sessão tinha sido convocada para votar a emenda Dante de Oliveira (1952-2006), um franzino deputado federal do PMDB de Mato Grosso. O presidente do Congresso Nacional, senador Moacyr Dalla (1927-2006), filiado ao PDS, o mesmo partido do presidente da República, João Figueiredo (1918-1999), tinha determinado que os 200 lugares na galeria seriam ocupadas pelos convidados. Milhares ficaram de fora. Eu inclusive.

Entre um discurso e outro, o deputado Agnaldo Timóteo (1936-2021), filiado ao PDT – ele votou pela aprovação da emenda – saia do plenário e ia do lado de fora “dar uma palinha”, chacoalhando uma caixa de fósforo. Timóteo tirava do bolso do paletó branco pequenos pacotes de biscoito “cream cracker” e distribuia por cima das barras de ferro colocadas nas proximidades da rampa, enquanto era cercado pelo reduzido número de manifestantes que tinham furado o bloqueio e se postavam na entrada principal da Câmara.

“O clima é de animação. Acabei de falar com Cristina Tavares (1934-1992), minha colega de partido. Ela disse que está tudo dominado. Vou voltar lá dentro, dar mais uma sondada no ambiente e já, já, trago mais biscoito e novas informações”. Era a única ligação que a gente tinha naquela momento. Um telão prometido de Moacyr Dalla nunca foi instalado. Timóteo voltou outras duas vezes. Até que em meio ao burburinho, apareceu cabisbaixo com as anotações. 298 votos a favor das eleições diretas, 65 contra, 113 ausências e três abstenções. “Faltaram 22. 22 míseros votos”. Deu meia-volta e se perdeu na multidão. Perdi a oportunidade de assistir ao vivo a um show de Timóteo. Ele tinha prometido trazer o colega Moacir Franco (PTB) para cantarem na porta da Câmara, caso a emenda fosse aprovada. Era o fim das diretas já e minha oportunidade de assistir àquele show.

(*) Autor/Fonte: Romoaldo de Souza – É pernambucano de Carnaíba, professor, jornalista e colunista. O texto foi publicado no Portal Uol e no Jornal de Commercio.


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