Movimento Cultural / Crônica-Homenagem: Djanira Silva – de Pesqueira para o mundo (*)
Djanira Silva – de Pesqueira para o mundo
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“…Se é para dormir / Que venha o sono / Se é para acordar / Que venha o sonho.
Sobre a escritora Djanira Silva, falecida nessa última quinta-feira, revi ao longo de mais de uma década, matérias postadas no nosso Oabelhudo, dela e sobre ela. Bela, quando jovem, era somente comparada a atrizes hollydianas. Manteve a silhueta tal qual, até a maturidade.
Quintana na sua permanente genialidade, cita: “A morte não melhora ninguém”. Particularmente, conheci Djanira em eventos literários ocorridos em Pesqueira. Lembro da III SEPLA de 2013, sob à presidência do estimado amigo Sebastião Fernandes Gomes, transcorrida sob intensa emoção, pela perda de Leonides Caraciolo, em agosto daquele ano. Ali Djanira realizou sua palestra, rica em humor e realismo sobre sua obra e, também, sobre sua trajetória literária.
Soberana nos sonetos e ótima em crônicas, minhas preferidas. Conheci, em texto, sua Tia Celina: “Debochava da velhice – Não é coisa boa mas a gente tem que encarar, dizia rindo e fazendo careta, deixando à mostra os poucos dentes que lhe restavam, amarelados pelo fumo… Eu imaginava como seria tia Celina se tivesse estudado.
Deixei-me enfeitiçar pelo soneto Santificação que tive o prazer e o privilégio de apresentar durante o quinto aniversário da Sopoespes, quando me foi oferecida a palavra. … Só me entristece, devo confessar / É já não mais ser tempo de pecar / Pois a velhice me santificou. Lembro que essa simples leitura, despertou a curiosidade de alguns presentes e as pergunta predominantes eram: De quem é? E Quem é Djanira?
Admirei o seu realismo bem humorado no texto: No Meu Tempo e ainda rio quando leio: “A vida está ou não difícil? Se até os santos estão pedindo esmolas, o que dizer de quem ganha o salário mínimo? Como é que a gente pode pedir a quem se encontra em tamanha penúria? “Como gosto das coisas certinha, mandei pedir o CPF e o número da conta dos santos. Quando me mandarem, juro que pagarei todos os boletos.”
A sua ausência física é deveras lamentada por muitos que a conheceram, de perto ou ao longe, meu caso. Decerto que mesmo concordando com a citação do Mário Quintana, valho-me do que disse o confrade João Capri, quando da apresentação do Coral Walter Ramalho, na quinta-feira, passada: – “Confesso que li pouco sobre a obra de Djanira, mas agora vou ler muito mais”.
No acervo do Blog registramos homenagens das competentes escritoras: Zezita Torres; Marly Mota e Andréa Galvão, cada uma ao seu tempo e estilo.
No transcorrer desses próximos dias, o Oabelhudo continuará homenageando a escritora que Pesqueira emprestou ao mundo, tal a imensidão da sua fecunda obra literária. E arremato, extraído de Tia Celina: – “…Se é para dormir / Que venha o sono / Se é para acordar / Que venha o sonho.
(*) Autor: Paulinho Muniz – Editor do Blog Oabelhudo – Membro titular da Cadeira 4 da APLA – Academia Pesqueirense de Letras e Artes