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Artigo/Opinião: Milei está na corda bamba, mas ainda tem dois trunfos (*)

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Milei está na corda bamba, mas ainda tem dois trunfos

  • …O obstáculo mais importante é político – que tem mais de uma faceta. É preciso saber até que ponto Milei conseguirá reverter a atual oposição do Congresso. Seu pacote de maldades voltou ao ponto de partida,…

No período de 12 meses terminados em janeiro, a inflação da Argentina atingiu o pico dos 254,2%, hoje o mais alto do mundo, mas o governoJavier Milei festeja esse resultado. Obteve, no mês, uma inflação razoavelmente mais fraca do que a de dezembro anterior: 20,6% em vez de 25,5%.

A comemoração é o ato político possível nas circunstâncias. Milei tenta passar para a população a ideia de que as decisões econômicas adotadas estão vencendo a alta de preços, principalmente a dos alimentos, e que, portanto, além de paciência, é preciso confiar em que a virada está a caminho. Mas, para isso, o Congresso precisa deixar de resistir à aprovação da chamada “Lei Ônibus” – o pacote que pretende produzir o choque redentor.

Nessa tentativa de reverter a crise, Milei enfrenta dois grandes obstáculos, um econômico e outro político.

O problema econômico é o de que o fator mais importante que permitiu essa primeira queda mensal da inflação foi o controle da cotação do câmbio em torno dos 800 pesos por dólar, depois da maxidesvalorização determinada em dezembro, que puxou os preços para cima. Mais cedo ou mais tarde, a cotação do dólar terá de ser novamente ajustada para cima e, assim, produzir mais inflação.

O obstáculo mais importante é político – que tem mais de uma faceta. É preciso saber até que ponto Milei conseguirá reverter a atual oposição do Congresso. Seu pacote de maldades voltou ao ponto de partida, depois da precária aprovação pela Câmara dos Deputados. E é preciso saber também se a população aguenta a cobrança da conta, uma vez que não há saída técnica sem corte drástico da renda, independentemente de como esse corte será distribuído pela população.

As manifestações nas ruas contrárias ao pacote de leis estão se intensificando, o que demonstra que o forte apoio ao governo obtido com a sagração pelas eleições começa a diluir. Essa reação popular vem sendo insuflada pela maioria dos governadores que perderam a maior parte das transferências de recursos feitas pelo governo central.

Por enquanto, Milei ainda conta com bons trunfos. O primeiro é até mesmo uma espécie de antittrunfo, na medida em que a atual oposição não conseguiu apresentar nenhuma opção aceitável a essa política.

Outro trunfo é a perspectiva de boa safra de grãos e de aumento da produção pecuária que, além de ajudar a conter os preços dos alimentos, deve trazer mais dólares pelas exportações. Em parte, a queda do consumo interno deve aumentar o excedente exportável.Um terceiro trunfo é o apoio do Fundo Monetário Internacional que já garantiu adiamento do pagamento de uma parcela da dívida de US$ 4,7 bilhões.

Mas a operação de apagamento do incêndio continua sendo tarefa hercúlea, provavelmente muito acima da capacidade política do governo Milei de lidar com ela.

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(*) – Autor/Fonte: – Celson Ming é colunista de economia no Estadão. Texto publicado, originalmente, no Jornal Estadão.


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2 COMMENTS

  1. Exagera o Celso Ming e outros considerar as nedidas propostas por Mikei como “um pacote de maldades”. Entendo que maldade foi o legado deixado os seus antecessores ao povo argentino. O que Milei propõe é um remédio amargo o suficiente para curar o pais desses males. Os desafios do Milei são grandes, mas o congresso há de se convencer que tem que enfrentar os efeitos colaterais dessa medicação que o Milei está aplicando… óbvio, se o povo quiser melhorar também.

    • Enquanto os governos kirchneristas destruiam a economia argentina, essa atual oposição, que era situação, aplaudia ou fechava os olhos para o empobrecimento dos argentimos, agora se nega a colaborar para reparar os danos. O populismo é uma desgraça.

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