Poesia: A festa do Leão e a derrota do Raposão
Movimento Cultural/Cordel: A festa do Leão e a derrota do Raposão – Por José Severino do Carmo (*) – “…Raposão veio sem máscara / Aí o caldo entornou / Foi grande a gritaria / Isso aqui tá um horror! / Nem o rei dos animais / O Raposão respeitou…”
A festa do Leão e a derrota do Raposão
Certa vez o Rei Leão
Resolveu se divertir
Convidou um papagaio
Para com ele sorrir
A hiena, coitadinha
Ficou triste por não ir.
Logo chega de penetra
Um tatu-bola feliz
Começa contando um fato
Empinando o seu nariz
A turma sorrindo tanto
Pelas coisas que ele diz.
Reunião animada
A macacada chegando
Muita piada saindo
Muita alegria rolando
A cachorrada latindo
Os passarinhos cantando
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Passava do meio dia
Quando a preguiça chegou
Como anda devagar
Com certeza demorou
Perdeu parte da conversa
Periquito não gostou
Quiseram lhe proibir
Da festa participar
Foi quando o rato guinchou
Também não vou concordar
É costume da preguiça
Toda vez se atrasar
Foi quando a cobra gritou
Isso é pura covardia
É falta de “humanidade”
Preconceito todo dia
Reclamar do convidado
Me dá até agonia
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Nisso a onça se arvorou
A cobra tá com razão
A preguiça é vagarosa
Se arrasta pelo chão
É da natureza dela
Merece nossa atenção
Aí gritou o preá
Não precisa confusão
O dia hoje é de paz
De amor e diversão
Viemos para brincar
Essa é que foi a razão
Raposão veio sem máscara
Aí o caldo entornou
Foi grande a gritaria
Isso aqui tá um horror!
Nem o rei dos animais
O Raposão respeitou
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Raposão encabulado
Bem alto esbravejou
Eu sou forte, muito forte
O vírus não me pegou
Besteira é de vocês
E de quem se vacinou
A coruja só olhando
Toda aquela confusão
Ensaiou dá um pitaco
Pra desarmar a tensão
Resolveu ficar calada
Não enfrentar Raposão
Rei leão, o grande líder
Que fez a convocação
Para evitar problema
Entrou na conversação
Falou para o briguento
Ponha a máscara, meu irmão
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Eu não ponho, não senhor
Isso é tolice demais
Ninguém aqui manda em mim
Nem agora, nem jamais
E quem se meter a besta
Me enfrente se for capaz
Vou reclamar ao Supremo
Rei Leão disse também
Pois você junto da gente
Não é maior que ninguém
Deveria dar exemplo
Pois isso é o que convém
A coisa estava pegando
Já não havia consenso
Uma corrente apoiava
Raposão em seu intento
Rei Leão dialogando
Não calava um só momento
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O quati entrou em cena
Querendo conciliar
Chamou num canto o timbu
Capivara e o Jaguar
Para encontrar uma fórmula
De a briga se acabar
Já era mais de 3 horas
Com aquela discussão
Sem se chegar a um acordo
Veio a preocupação
Uns apoiando o briguento
E outros o Rei Leão.
Como a coisa estava feia
Foi preciso consultar
A “turma do deixa disso”
Para a contenda acabar
O touro foi convidado
Para contemporizar
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O touro deu um mugido
Jogou as patas pra trás
Disse logo a Raposão
Isso assim já é demais
Vamos respeitar os outros
Meu amigo, meu rapaz
Raposão caiu em si
Viu a asneira que fez
Prometeu se retratar
Pediu desculpa e desfez
Tudo que tinha falado
E foi embora de vez
Tudo voltou ao normal
Agora em harmonia
Todos sorrindo à vontade
Com prazer e alegria
Democracia total
Com festa e sem gritaria
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Tudo que escrevi aqui
Foi prá você refletir
Ninguém é mais que ninguém
Não adianta insistir
Somos todos responsáveis
Pelo que tiver que vir
Por isso, preste atenção
Seja uma pessoa boa
Respeite as leis do País
Não pense em ouro ou coroa
Estude cada vez mais
Não gaste seu tempo à toa.
Não despreze os conselhos
Dos mais velhos, dos senhores
Não vale ser como os ricos
Nem mesmo como os doutores
Se não souber respeitar
Os seus pais e professores.
(*) Autor: José Severino do Carmo é publicitário, escritor e cordelista. É membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, diretor da JS Propaganda & Marketing, editor da Revista Moda & Negócios e presidente da Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras – ACACCIL