Robson e o cordel em homenagem pelos 73 anos de Sanharó
Palavras do Editor
Depois de ouvir críticas positivas sobre o artigo da nossa lavra, repercutindo os 73 anos de Emancipação Política da nossa cidade, eis que encontro o multi-versado Robson Aquino num evento social. Conversa vai, conversa vem, insultei-o a se pronunciar sobre o tema.
De pronto, ele aceitou o desafio, ora cumprido. Para quem não sabe, Robson é uma estrela da constelação dos Braúnas que foi lançada, também, no Blog Oabelhudo, lá nos seus primórdios…
Na sua usual humildade é pouco afeito aos elogios. Sua contribuição à cultura é inestimável. Teve efetiva participação no Miolo-de-Pote que foi coordenado por outro fera, Carlos Elder e participação dos irmãos. É autor de um bom romance e é colaborador assíduo e especial. Particularmente, tive a honra e privilégio de fazer o prefácio do Miolo-de-Pote.
Aqui e agora, Robson nos brinda com esse lindo cordel em decassílabos, mostrando um tanto da sua inesgotável verve, – “…São momentos encharcados de saudades / São instantes guardados na lembrança / Que os velhos deixaram de herança /…” Valendo salientar as ricas homenagens pessoais aqui prestadas.
a) Paulinho Muniz
Sanharó, 73 anos de emancipação política
Por Robson Aquino
Ao Deus do cordel, peço licença
Pela praça divina, eu desfilar
Esses versos repletos de lutar
Que festejam, da política, a liberdade
São momentos encharcados de saudades
São instantes guardados na lembrança
Que os velhos deixaram de herança
Pela luta buscar sempre o melhor
Emanciparam minha linda Sanharó
E encheram o seu povo de Esperança
Um parêntese, aqui peço licença
Pra uma justa homenagem, então, prestar
A um bispo e ao padre do lugar
Pelo cuidado com nossa educação
Foram eles, com bravura e com visão
Que criaram dois colégios no distrito
Eu não sei qual dos dois foi mais bonito
Mas que a influência de ambos rompe os anos
Ao Padre Heraldo e ao bispo Mariano
Agradecimentos sinceros e infinitos
Era o ano cristão quarenta e oito
Era o século vinte, com certeza
Paulo Foerster e Antônio Avelino, fortalezas
Nessa luta visando emancipar
Sanharó, de Pesqueira, separar
E ser livre pra ter uma eleição
Ter prefeito eleito pelas mãos
Do seu povo, ser seu representante
Numa página pra lá de importante
Que marcou para sempre o meu rincão
Púbio Calado, ex padre e deputado
Foi autor do projeto promissor
Sanharó para sempre se tornou
Uma cidade com Câmara e prefeitura
Cada uma, com a própria estrutura
Barbosa Lima era o então governador
Severiano Aquino, nomeou
Para ser o prefeito temporário
Foram quarenta e nove dias voluntário
Aguardando o prefeito vencedor
Paulo Foerster e Seu Lau se enfrentaram
Na disputa pra quem seria eleito
O resultado desse primeiro pleito
Conduziu o Seu Lau ao edifício
Do mais novo e mais belo município
Do agreste central deste Estado
Por ter sido no pleito o mais votado
Conduziu Sanharó para o futuro
Trouxe luz onde antes era escuro
E futuro onde só tinha passado
O Seu Lau foi o primeiro prefeito
Em seguida veio Heronides Arruda
Essa lista é grande, não se iluda
Tem Gilberto Guimarães, Antônio Cordeiro
Entre a lâmpada elétrica e o candeeiro
O Zé Júlio, Zé Tiago e João Soares
Cada um tendo fortes os seus pilares
Procurando melhor a nos servir
Paulo Foester, Erivaldo e Bibi
Carimbaram na História os seus lugares
Tempos novos e, também, novos prefeitos
Veio Geovane e depois veio Ranieri
O poder, pelo voto, foi entregue
Aos jovens políticos ascendentes
Fernandinho e Heraldo, grandemente
César Augusto surgiu qual salvação
Por três vezes venceu a eleição
Até hoje governa a cidade
A cumprir do seu povo a sua vontade
A honrar nossa Constituição
Encerrando o cordel de homenagem
Deixo aqui meu respeito absoluto
Ao velho, ao jovem e ao adulto
Que escreveram e escrevem a nossa
História Pelas páginas de lutas e de glória
Elevaram Sanharó a uma cidade
Onde a vontade do povo é de verdade
E seu voto decide uma eleição
Viva sempre a nossa emancipação
Para sempre a sua liberdade.
(*) Autor: Antonio Robson Maciel Aquino – Sanharoense…
– Permitam-me a ousadia de contemplar mais algumas lembranças…
Alguns fatos e pessoas que corroboram a nossa história
O Livreto de Seulau de 1952; imortalizado na pintura de Zaldo; O trem da Great Western;
A presença contante do industrial Jurandir de Brito
Nas grande farras no Hotel de Maria Maciel;
A tenacidade de Leonides e a eloquência do padre Zé Cordeiro
As serestas e os seresteiros concentrados na casa de Sinhazinha / Sob os acordes de Milton, Lídio, Hilton, Geraldo Gouveia, entre outros
O Baobá da Capivara; o bar de Cezinha e as noitadas no bar de Nêgo
O Grêmio, a Sede / Clube Lítero e a Santa Cecília, uma fábrica de bons músicos
O Bilhar e os 18 “cão” de Nanan, os pic-nics viajando nas carroceirias de caminhões
A chegada da luz de Paulo Afonso e a água encanada do Brejo de Deoclécio
As vaquejadas de Adelson Rafael, Tonho Bem. As peripécias do grande campeão Edmilson Valentim e as peladas na Barriguda
A sanfona de Lucas, Manezinho e depois Zezinho de Papagaio
As vendas de Zé Monteiro, Paulo Muniz, Sebastião Simão. As padarias / Neto Avelino e Antônio Cordeiro. As lojas de Dêda, Zé Araújo e Juca Cunha
O bar de dona Maria de São Bento, os banhos no poço de Lalai e os saltos da ponte do trem
O banho no tanque da praça, o pastoril de Rosinha Lins e o cinema paroquial
Os namoros, noivados e casamentos dos alunos do Pio XII e Emília Câmara
Nota do Editor– Enfim são tantas e caras lembranças que se mantêm vivas na memória coletiva que precisaria de muitos e muitos espaços… Deixo a critério dos que desejarem comentar.
a) Paulinho Muniz